Por que terminar aqui?, por que começar? Seis meses atrás, num 17 de março , entrava em modo pandêmico, ou seja, sob uma conformação tal de sentimentos adaptados a um porvir duvidoso diante do qual eu me sentia à vontade como a personagem em face da extinção naquele filme do planeta azul. E agora estamos aqui, sem saber ao certo se o pior já passou. Eu costumo perguntar a quem presumo que tenha a resposta: o pior já passou? Ninguém pode assegurar que sim, tampouco devemos esperar termos uma certeza inabalável antes de voltarmos a sair de casa, certo? Pelo menos é isso que tenho visto em fotos e vídeos de amigos. Sim, o pior passou, mas sem ter passado de fato, e dane-se que não tenha passado ainda. Lembro do tom jocoso do primeiro relato do diário da quarentena, uma piada com aquela situação embaraçosa e ao mesmo tempo excitante que é a suspensão da regra e das normas sem garantia de retorno. Num dia, estava no trabalho. Noutro, em casa, como ainda estou. Nada do que previ aconteceu
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)