A dúvida é descobrir se a gente vive numa bolha, não na vida de verdade, essa vida real de compras, farmácia e beijo de dormir. Falo da vida virtual, a das fotos estudadas, postagens e coisa e tal. Se, dentre as coisas que lemos ou vemos, há uma seta indicando exatamente que o caminho é aquele e não outro, um propósito ou mão invisível. Eis a bolha: a linha mestra de uma vontade externa. A bolha consiste na empatia ou na consonância? É a repetição dos gostos? A homogeneidade das falas? Falta assimetria? Sobram encaixes? Os algoritmos estão chegando. Eu gostaria de entender a bolha. O que faz, como atua, de que modo seleciona os amigos e escolhe as postagens mais bacanas para exibir na minha timeline durante um dia inteiro de conversas. Acho que a bolha, por ser uma bolha, não tem feito um bom trabalho. Me mostra coisas que não quero ver e mensagens que não quero ler. A bolha tem falhado. Se falha, é humana? Não sei responder. Apenas desconfio.
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)