Não agora, não depois, mas talvez haja esse momento específico, não um ponto único sobre o qual deitamos o olhar e reconhecemos de alguma maneira que, dali em diante, as coisas se tornaram elas mesmas, e nesse elas mesmas, se perceberem direito, cabe um exército inteiro de coisas não catalogadas que vão de sensações a pessoas, passando por meros objetos do cotidiano, fábulas ignoradas por anos e anos, como o fundo do closet , e até livros escondidos no armário da mãe podem servir de ligação entre um mundo estranhamente adolescente e este outro, ocupado agora por horrorosas conexões. Horrorosas e absurdas conexões. Estamos falando de matemática? Não me digam isso, crianças. Estamos falando de poeira estelar, explosões, formas sedimentadas por bilhões e bilhões de anos, espécies inteiras que ficaram pelo caminho, guerras encarniçadas, sexo, reprodução, morte, sangue, apocalipse, traição, ciúme, doença, paixão, medo, morte novamente, envelhecer, apodrecer, perder, ganhar, entregar o...
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)