Pensei num balanço, coisa que escreveria a fim de retomar o fio do ano perdido entre casas descosturadas e botões desfeitos. Desisti ante o esforço. Caberia uma rememoração custosa, coisa que não me vejo capaz de fazer agora, talvez nem tão cedo. O que não impede de ir sozinho amiudando uma conversa comigo, algo próximo dessa ruminação bovina que demarca um cotidiano com vagar. Fico andando, somente. Um arrastado de chinela de dedo pelo corredor como se rondasse a porta entreaberta atrás da qual se esconde - o quê? Eu não sei. Depois descalço, as plantas dos pés tocando o frio da cerâmica, e em seguida tudo se ajustando numa temperatura só. É ano sem medida este que se encerra. Tempo dilatado no qual cabe muito e do qual muito escapa pelas bordas. Matéria inapreensível, tão escorregadia que não arrisco deter sob o risco de não haver nada ao final para segurar. Quem sabe volte antes da meia-noite do dia 31 de dezembro deste 2018 a dizer qualquer coisa perto do f
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)