A gente se põe a escrever achando que chegará ao final do mesmo jeito, conhecendo o caminho e parando o tempo que achar que pode. Mas nunca é assim. O domínio se esfarinha. Queria escrever hoje o que não tivesse fim. Como em 1996, quando terminei um namoro e precisei andar de ônibus pela cidade. Ou em 2009, quando o casamento acabou e dei voltas pela rua do bairro que eu já conhecia tão bem. Aprendi a fumar andando em círculos. Ajudou, mas não funcionou. Isso foi em abril. De lá pra cá, choveu tanto que nem sei mais se é o tempo lá fora ou aqui dentro que deu uma piorada. Sei que escurece. Uma carta de despedida é também uma carta de chegada. É uma dessas ironias que a gente cria a pretexto de entabular conversa com gente estranha. É como um papo no elevador. Escrever para dizer que vai embora. Ou escrever pra falar que fica ainda. Ficar ou ir. Tudo em arte é uma separação, do corpo, da família, da vida. Li que García Márquez passou um ano e seis meses fora de casa para c
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)