Sem querer, acho que alterei horários, e agora tenho preferido escrever à noite, em silêncio, correndo o risco de dormir ou de deixar o computador ligado enquanto jogo por meia hora, e essa meia hora logo se transforma em uma hora e depois em duas. Nesse instante, vejo a manhã chegar pela janela e passo sonolento em direção ao quarto, notando o computador piscando em modo de descanso, mais ou menos como a luz do Hal 9000 minutos antes de morrer. Sempre gostei das manhãs, por uma razão trivial. Estava limpo, fresco, sem o peso do dia sobre as costas. Cada coisa que escrevesse seria, portanto, a primeira coisa do dia, e não o que havia resultado das horas passadas, do cansaço do trabalho e por aí vai. Não era garantia de qualidade, tampouco de novidade, mas um jeito mais natural de fazer aquilo, como tomar o café. Agora, não sei bem por quê, as coisas ficaram um pouco diferentes, e esse tempo transcorrido entre a manhã e a noite tem sido uma exigência pessoal, quase física –
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)