Uma semana e tanto. Faço 33 anos na próxima quinta. Fazer é modo de falar. Há nisso mais passividade que ação voluntária, mais aceitação resignada que procura deliberada. Há quase nada de mérito na caminhada – sequer existe caminhada. Ao menos não uma com sentido similar ao de “batalha” quando empregamos “batalha” naquele contexto hospitalar. Assim: para designar a luta encarniçada de alguém contra a morte, invariavelmente o câncer. Do mesmo modo, acumular os dias equivale a caminhar tanto quanto a masturbação equivale a sexo de fato. É uma imagem poética – caminhada – utilizada com a intenção mal-disfarçada de nos acalentar. Para todos os efeitos, integramos satisfeitos essa marcha inexorável para diante, jamais para os lados e muito raramente pra trás. Não lembro quando foi a última festa de aniversário. Talvez quinze anos atrás, talvez mais que isso. A data remonta àquela época em que nossa mãe governava despoticamente cada pequena ação cotidiana. Ordenava: use orelh
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)