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Mostrando postagens de outubro 12, 2013

Super

Acumulava por não saber operar de outra maneira. Uma máquina cujo funcionamento obedecia a uma única e simples regra: sorva. Depois entorne. Assim era com ele. Ia vendo a linha subir centímetro a centímetro no copo estreito. Esperava o momento certo, que era sempre o último.  Depois não havia mais nada. Era a regra de ouro, o momento certo corresponde ao último e depois dele, nada.   À espera desse instante de enxurrada é que ia assistindo tudo acontecer. Daí as imagens recorrentes de tempestades e outros fenômenos da natureza que causam destruição em escala massiva. Arrasam com tudo, não deixando rastro, apenas casas amontoadas e árvores de raiz pra cima. Via-se irmanado a essa natureza destrutiva, à ação que, mesmo imprevista, pode ser mapeada, remontada. Os primeiros passos visíveis. A lenta formação da tormenta. A onda menor avolumando-se à maior, correntes marítimas de temperaturas diferentes encontrando-se de repente no meio do oceano. Um tectonismo que era tamb

Ripley salva

Vinda do espaço, uma mulher aterrissa – cai, melhor dizendo – em um planeta onde vive um pequeno grupo de homens. Uma colônia penal devotada ao trabalho e à fé. Formado por estupradores, homicidas, sociopatas etc., esse grupo se dedica principalmente a escavar o solo à procura de minério, que depois será transformado em chapas para contêineres de lixo espacial. Toda a cultura é de subsistência. A fé sustenta-se na expectativa da chegada do salvador. De acordo com o carcereiro de Fury 161 – como o planeta é conhecido no sistema –, a crença não elimina a monstruosidade de que cada uma dessas pessoas é portadora. Apesar da péssima aparência, no planetinha há ordem, relativa paz, comida, água e uma atmosfera respirável. A frágil ascese mantém cada elo atado. A condição de marginalidade do lugar ajuda os internos a ignorar o restante do universo: a vida que tinham lá fora. Estão todos concentrados em humanizar-se por meio do labor e da religião. Tudo isso acaba quando a