Deixo de lado essas metáforas até cafonas sobre a ponte como elemento arquitetônico que conduz de um lugar a outro, estabelecendo nexos entre regiões separadas de um mesmo território geográfico e político, ligando porções de terra de repente abreviadas por um abismo físico. Me concentro na ponte como essa plataforma de contemplação e laboratório visual de uma cidade cuja história se deu de costas para o mar, enquanto seus canhões, instalados na entrada do forte que a resguardava, apontavam para os de casa. Os poderosos sempre desconfiados de que o risco maior estava representado no âmbito doméstico, e não em quem chegava para pilhar, como ainda fazem hoje no mesmo litoral da capitania, numa recolonização do espaço movida a energia eólica e a resorts de luxo. Nessa história, o nativo assusta mais que o forasteiro. A vista da ponte está vendada sabe-se Deus há quanto tempo, eu mesmo não lembro quando estive pela última vez pisando as tábuas em falso do lugar, que se mantém de pé a muit
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)