Então era assim que se sentia embora preferisse esconder, esconder era seu litígio particular, uma causa pela qual vinha lutando nos últimos anos, o batente contra o qual se projetava com força capaz de fazê-lo despedaçar-se não fosse ele um homem de a) coragem, b) amor e c) medo nas mesmas proporções. Então era assim que as coisas se davam no mundo, pensou, não exatamente lastimando que o presente houvesse ganho contornos indesejáveis, mas, de alguma maneira, prevendo, cedo ou tarde os destinos assumiriam aquelas cores e se se surpreendia era menos por ser fantástico. Era por ser óbvio. Quem sabe porque aguardasse desfecho semelhante ao que assistia de camarote. A vida passando como as vacas que desfilam nas ruas da cidade fantástica, enquanto ele, um homem jovem, não bonito, era como se olhasse sempre a mesma pintura, sem entusiasmo ou medo excessivos. Era disso, evitava transbordos. Recorda-se agora do dia em que subiu no muro da casa do amigo e viu a tia do amigo sentada no
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)