Como de hábito, enquanto esperava o café considerou tantas coisas, mas nenhuma verdadeiramente importante, nenhuma tão a sério a ponto de requerer carga superconcentrada de atenção. Além do café, aguardava também uma porção extra de coragem. O café finalmente chegaria; a coragem, não. Talvez houvesse uma palavra sem contornos, mas exata, uma palavra que seria apenas sua, minha, e também dela, repleta de sentido, um desses nomes-fantasia que resumem a missão da empresa, traduzem em publicidade seus interesses e impõem o consumo irracional dos seus produtos. Mas, sabia, essa palavra ainda não existia. Imaginava tudo mais fácil, tudo diferente, tudo de outra maneira, cada palavra que se seguiria a outra, formando sentenças estruturadas segundo uma lógica que respeitasse formalidade e beleza, um conjunto harmônico, mas também caótico. C oncluía após tanto tempo: parte do problema é desejar manter-se atado ao problema. Porque fracassará todo o projeto cuja base for a busca apai
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)