Por razões que são como dunas móveis, ou seja, nunca entendemos direito por que começam nem aonde vão parar, um livro do Starobinski caiu nas minhas mãos. Precisava falar sobre melancolia não apenas porque me sentisse melancólico, como tenho de fato me sentido. Motivos pessoais e acadêmicos, nunca apenas uma coisa, nunca só interesse em pesquisar, mas também a raiz primitiva de algum sentimento mal resolvido alargando as fronteiras. Daí até a melancolia e ao autor, de quem fui pescando títulos e espiando as palavras. Agora também outro livro do mesmo Starobinski chega por vias tortas, um no qual trata de Rousseau. Logo ele, Rousseau, e logo agora, Rousseau. Uma ediçãozinha de bolso, na capa um homem sozinho com uma bengala e umas flores. Para quem as flores? Para onde vai o homem? De partida, está escancarada a solidão como condição na qual precisamos estar para contar o que seja, mas da qual fugimos em busca do que seja. O movimento sanfonado: ir e voltar, num quebra-mar s
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)