Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro 6, 2013

Poutpourri

A primeira vez que li “poutpourri” foi num encarte de CD da banda Cheiro de Amor que coloquei pra tocar quando tinha 14 ou 15 anos. Morava numa casa alugada num bairro bem distante de tudo. Logo três ou quatro músicas saracotearam no som da sala, uma emendada à outra. Foi então que tive a certeza de que uma onda jamais interrompe outra onda, pelo contrário, para que uma se forme, outra se quebra, ou para que duas se formem, três se esboroam. Rejeição e simultaneidade se dissolviam na espuma. Era tudo que o axé podia ensinar a um rapaz da minha idade, o que não era pouca coisa.   O poutpourri fazia coincidir, sem atritos, ou com pouco atrito, ou dissimulando eventuais atritos, músicas diferentes, que se justapunham, criando um vago sentido de unidade formal entre partes diversas. Ao camuflar início e fim das canções, suavizando o baque do desfecho e disfarçando o começo de um enredo, a manobra sugeria uma noção de continuidade, apesar das variações no curso dos acontecimentos