A vida tem movimentos. Coisas básicas, como na dança. Um passo pra lá e outro pra cá, um ritmo lento que demarca o deslocamento. Ciclos, essas coisas. Ora isto, ora aquilo. Tem gente que recorre às ondas ou à conformação das nuvens no céu para entender o que se passa afinal, o que de fato acontece quando a vida se põe a rodopiar. É um mistério o fato de que certas coisas aconteçam, e, acontecendo, se deem dessa maneira e não de outra, ganhando essa cara e não aquela. Por exemplo: um dia, nesta hora, noutro lugar, sob certa luz etc. Um pra lá e outro pra cá. Como na dança, às vezes mais empurrados que conduzidos, mais presos ao chão que flutuando. Não sei por que cargas d’água comecei a pensar nos movimentos. Talvez porque hoje seja sábado, um dia bom pra dançar. Não sou dançarino nato. Eu engano. Estudo atenciosamente os corpos e os gestos, em seguida tento imitar, acrescentando alguma característica minha, algo que talvez pareça ridículo mas que, visto com um pou
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)