Era pra ser a última postagem do ano, mas a última nem sempre é a última, o que quer dizer que o que vem depois do ponto final depende menos da vontade da gente que das circunstâncias. Nada no mundo nos prepara para o impacto do anúncio da paternidade. Escola, cursinhos pré-vestibular, acampamentos da igreja, alistamento militar, grupos de oração, cartomantes. Nada. Não era assim que eu tinha imaginado contar pra todo mundo: eu vou ser pai. De qualquer forma, não existe uma maneira certa de dar uma notícia dessas. Não tenho o talento da minha mulher, que, para me trazer a boa-nova, encenou uma peça de teatro, com participação do garçom da pizzaria, a quem agradeço pelo empenho, seriedade e interpretação naturalista. Preciso dizer que jamais desconfiei de que dentro da caixinha de brinquedo encimada por um palhacinho não havia uma conta com o valor da pizza e das três cervejas, acrescido dos 10%, mas um sapatinho de criança – que, de uma perspectiva unicamente materi
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)