Abrir caixas, desembrulhá-las como presentes que chegassem pelos Correios depois de muito tempo de espera. De dentro delas pescar os objetos guardados por anos e anos, pastas empoeiradas, livros, papéis inservíveis, revistas antigas cujas capas apresentam rostos que desapareceram ou que agora simplesmente já não têm a importância que tinham. Verificar nas caixas a passagem do tempo, atentar para o que envelhece e o que ainda é presença, experimentar uma transmissão de algo que não se perde e reconhecer que a matéria esboroa sempre. Ter com as caixas agora abertas uma relação do mágico com a cartola da qual retira um a um utensílios fantásticos com os quais ludibria a plateia. Organizá-las por tamanho apenas, nomes e cores e títulos misturados uns aos outros em duas estantes apertadas contra a parede branca de uma cal lambuzada por mãos que não conheço. E fotografar cada parte como forma de ir tendo com o arranjo uma familiaridade perdida. E nessa tentativa ir deix
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)