As primeiras agendas começam a chegar, livros cujas páginas devem ser preenchidas com os fatos do novo ano, num esforço de deixar para trás tudo que houve em 2021. Embora crer que algo possa acontecer apenas pela razão de que sempre acontece seja um exercício de otimismo extremo que de alguma maneira não se encaixa nestes dias e mesmo os contraria, é exatamente o que fazemos: apostamos tudo na passagem esotérica das folhas, no salto mágico do número, na progressão irrefreável e positiva do tempo. Separo uma delas, quero escrever meu nome, mas desisto porque ainda é cedo para fixar no papel qualquer plano relacionado a 2022, ainda que esse plano se esboce apenas no nome, na redução de tudo, no fragmento de que dispomos para existir. Escrever o nome é um gesto que me parece agora excessivo, e não estou disposto a excessos, principalmente os mais entusiasmados, o nome figurando como placa de trânsito ou letreiro em neon na fachada da loja. Penso então numa data, num dia qualquer ou numa
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)