De repente começamos a falar sobre o que nos assusta. O mar, eu disse. Grandes animais, ela respondeu. Velhos e palhaços, devolvi; salas iluminadas. Salas iluminadas, repetiu. Mas é claro que não acreditei e não apenas isso, entendi essa mentira ou exagero como uma senha para que a partir dali disséssemos a primeira coisa que viesse à cabeça, representasse perigo ou não, fosse absurda ou não, afinal o medo não carece justificativa, ele simplesmente é e continua sendo por muito tempo. Abajures. Ri. Abajures? Tenho medo também de tampas de panela e jarras de suco pela metade e portas de guarda-roupa que não fecham direito e telas de computador que escurecem sem explicação. Uma série de eventos domésticos para os quais a física ou a matemática ou a biologia não tem uma teoria. Fico terrivelmente assustada quando encontro meias pelo avesso e controle remoto sobre almofadas e cortinas que não esvoaçam ainda que esteja ventando. E assim estivemos a manhã int
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)