Tudo para chegar aqui: é possível estranhar-se no escrito? De onde vem o dito? Dizendo, trazemos algo de nosso que veio de muito longe? Tudo que é nosso tem endereço no fixo? Ou, à falta de vocabulário, dizemos nosso, mas a verdade é que não temos nada de próprio? Nem mesmo a palavra que usamos na hora de falar é segura de que está dizendo o que imaginamos seria a intenção da palavra antes de dizer. É assim: fora, é alheio, e alheamento diz respeito a nós também, ainda que parta de dentro, do fundo. Ler e esquecer é a releitura possível do que não compreendemos na primeira vez.
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)