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Mostrando postagens de dezembro 30, 2012

Pensem nisso

Adendo ao comentário sobre o artigo do professor Daniel Lins: o que me surpreende é o raciocínio segundo o qual as pessoas – as massas, para usar o termo certo - são barbaramente infantilizadas por um Estado corruptor com intenções malévolas que reproduz estratagemas parecidos, se não por seus atos de crueldade, ao menos pela falta de uma política democrática que ofereça a opção de escolha, aos do nazismo. Todavia, o contrário jamais é considerado como hipótese plausível.  Quando falo o contrário, estou imaginando as massas barbaramente infantilizadas por uma casta de intelectuais cujos atos, de tão nobres em intenção, acabam por subestimar ou mesmo suprimir a capacidade de escolha das pessoas, no que também se aproximam perigosamente do nazismo. O que nos faz lembrar de  Laranja mecânica , que conta a historinha de um jovem delinquente às voltas com o autoritarismo do Estado e da sociedade. Nos dois casos, a pretexto de melhorar o jovem Alex, os vetores disciplinad

VISHNU, meu deus

VISHNU – preguiça de colocar os pontos entre cada letra (sem afetação, é preguiça mesmo, embora tenha gasto mais tempo e energia explicando do que se tivesse colocado logo os pontos que separam cada letra do nome, que, corretamente grafado, fica assim: V.I.S.H.N.U ). Uma avaliação rápida da graphic novel .  Desenhos primorosos, argumento frágil, cheio de clichês do sci-fi . Personagens sem carisma, enredo pouco envolvente. Desfecho previsível. Superconsciência virtual emerge sem explicação, liberta a sociedade dos grilhões do consumo, é ameaçada pelo governo central, responsável por dividir a administração do planeta em nove áreas. VISHNU, a superconsciência cuja manjedoura é o laboratório Limbo 5, bastante parecido com o Cern, que brinca de colidir átomos enquanto flagra o rastilho do bóson de Higgs e de outras partículas subatômicas do mundo pop da física. Com mensagem pacifista e revolucionária, VISHNU logo começa a incomodar a gerência dos Nove. Há

Quiz egopavloviano

Não, não fiquei satisfeito com a programação da festa de réveillon. Gosto de forró (principalmente de Aviões e Garota Safada), mas não a ponto de ir até a praia no dia 31/12. Passei a gostar a contragosto (rsrs), mas agora me satisfaço ouvindo nos ônibus. O que mudaria na festa? Incluiria atrações que atendessem a outros tipos de gosto. Se gosto é discutível? Claro que é. Falar em gosto não é “preconceito de casta”? Não me sinto legitimado a responder antes de descobrir o que é preconceito de casta. Presumo que desconhecer o que é preconceito de casta não seja também preconceito de casta, concorda? É assim que a banda toca na academia. Adianto, porém, ser capaz de ouvir a nona e forró eletrônico. O tal forró de plástico? Não tenho nada contra plástico. O plástico está presente no dia a dia, do copo à tampa da caneta. Vejo com desconfiança tudo que patenteia o bom gosto, o autêntico, o produtivo, o recomendável, o politicamente adequad

Dá cá a bala mágica

Então é assim que faremos a partir de agora. Comento abaixo artigo de Daniel Lins no jornal O Povo de domingo, vulgo hoje, véspera do fim do ano. O artigo dedica-se à “incultura”, tema derivado das listas de atrações da festa do réveillon, que, como todos sabem, saiu das mãos da prefeitura petista para as do estado pessebista, de Luizianne para Cid & Brothers, da gestão que termina para o aliado da que começa. E o que tenho a comentar pode ser facilmente resumido em poucas linhas: artigos dessa natureza (propósito crítico-condenatório) são uma grande oportunidade para fazer desfilar a escola de samba do vocabulário das ciências humanas, conforme observa-se no texto de Lins. Como na vinheta de fim de ano da TV Globo, vê-se quase sempre uma “ética dos afetos” acenando com discrição enquanto a música de fundo convida a audiência a abraçar mergulhos ufanistas e crenças disparatadas no futuro. Nesses textos, é espantosa a facilidade com que o exemplo do nazism