Viajei. Fui à serra cobrir-me de ervas aromáticas, dançar a dança do siri e beber bastante vinho. Friorento, pus duas camisas, três pares de meias, duas calças, sendo uma delas de moletom escandinavo, ou seja, aquele que mesmo sob nevascas e chuvas de granizo sequer orvalha. Mentira, claro. Mas estava frio. Dormimos no carro, apertados na traseira, cansados depois de tanta folia, entupidos de cerveja e nicotina, sem um tostão no bolso para pagar um quarto decente, com cama e lençóis. Resultado: não conseguia esticar as minhas pernas. Porque éramos três. Sim, três. Espremidos na traseira de um Peugeot estacionado ao lado da casa do prefeito recém-eleito, nos fundos do prédio que dá para a praça principal da cidade, que é um ovo. Literalmente. Percorrendo-se uma rua, chega-se rapidamente ao seu início. Como uma cobra que engole o próprio rabo. Voltando. O lugar também era uma espécie de Rota de Fuga dos Maconheiros de Plantão, que param por ali para acender os seus baseados e dar uma tre
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)