Os primeiros quarenta e cinco minutos foram os mais difíceis. A síndrome da falta de notificações disparando a cada ausência de disparo real me levou a checar o celular inúmeras vezes, apenas para entender que algo com a minha internet estava errado. Mas o quê? Eu tinha pago os boletos, o celular era novo, estava em área de cobertura. Mesmo assim, reiniciei o aparelho duas vezes, sem sucesso. Foi quando resolvi abrir uma aba e digitar que percebi a dimensão do estrago. Era o apocalipse das comunicações, o armagedon da fofoca, o clássico fim das eras que eu tinha visto no cinema e que agora se realizava bem debaixo do meu nariz. Nas horas seguintes, rodei pelos cômodos da casa sem me decidir se esperava o sistema voltar ou se partia para outra e tentava matar o tempo. Queria fazê-lo avançar, não suportava a ideia de que os minutos se contassem a conta-gotas, sem a interação para mediar esse envelhecimento ultralento. Era como se tivesse sido sequestrado pelo presente, capturado por um
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)