É interessante, no mínimo, a genealogia de uma faxina doméstica, que por vezes se estende também a outras áreas da experiência, tornando-se nessas ocasiões uma faxina também das ideias, retirando pó dos móveis mais antigos do inconsciente, alvejando ou simplesmente polindo alguns poucos vãos antes empesteados e sem tanto uso. Falo besteira e tergiverso ao mesmo tempo. De fato a faxina, como começa e termina e tudo que acontece entre os dois polos, é um objeto de estudo esplendoroso, para usar um termo de que gosto muito (adoro a pobreza material do sufixo “oso”, que, em última instância, dá a ideia de abundância). Embora negligenciada, a faxina presta-se a análises substanciosas sobre como organizamos nossas vidas, a saber, o conjunto mais ou menos homogêneo de interações solitárias ou não que ativamos a cada novo ciclo de 24 horas e que envolve muitas entradas e saídas, personagens, sentimentos, falas e arranjos afetivos. A faxina, o faxinar, os objetos que impõ
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)