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Mostrando postagens de janeiro 31, 2009

O CASO DO garçom

O garçom é jovem. (Tenho pena dos garçons que servem mesas de clientes como aquele.) Quero uma cerveja. E tira esse gato daqui, rapaz. Rapaz, traz um limão de verdade, leva essa porcaria. Rapaz, traz um copo americano. E uma cerveja. Rapaz, o limão daqui é péssimo, certo? Traz um refrigerante de limão e outra cerveja. Olha, vou pedir novamente: leva este gato daqui, ele fica arranhando, não gosto disso. Não gosto de ser arranhado enquanto bebo e como. Olha, seu atendimento é ótimo. Toma dois reais. (Enfia teu dinheiro no cu, pensou o garçom). E estendeu a mão.

NADA SINCRONIA

Ela tinha um sorriso de patinadora, um sorriso gelado e branco de patinadora, de atleta, um sorriso, um riso alegre, um riso medalha de ouro de ginasta, um bater de braços e pernas, uma curva, uma marca no joelho. Ela tinha um sorriso de nadadora. De quem tem tudo sincronizado, os braços certinhos combinando no segundo exato, as pernas exatas combinando no minuto certinho. Ela sorria aquele mesmo riso e ria o mesmo sorriso de nado sincronizado. Um sorriso gelado. Um sorriso cortado por cerdas, cortado por dois pares de sapatos. Cortado por dois solados cortantes. Mas, ali, parecia derreter.

Good night, Dayse!

O que faz de um filme um bom filme? O que entra na avaliação? Melhor dizendo: por alguns filmes têm a capacidade de nos emocionar, de nos tocar, enojar ou revoltar e outros simplesmente passam em brancas nuvens, como se nunca tivessem sido assistidos por milhares de pessoas que foram ao cinema à procura de algum sentimento cuja essência não sabemos explicar direito? Essa é uma grande questão. E ela surge porque só hoje pude ver O curioso caso de Benjamin Button . Foram duas horas e meia no cinema, sentado, quieto, olhando pra frente, sem visão periférica, sem movimentos, sem piscadelas, sem telefones, sem conversas paralelas. Foram duas horas e meia de hipnose. Mas, o que faz de Benjamin Button um bom filme? Seus atores? Sua fotografia? Sua maquiagem? Seu roteiro? Seu tema inusitado? O fato de ter sido adaptado de um conto de Fitzgerald? Nada disso. Ou tudo isso. Primeiro, um homenzinho velho mas novo, feio mas bonito ganha qualquer platéia em qualquer lugar do mundo. Um bebê jogado

SERVIÇO DE INUTILIDADE PÚBLICA

O caderno O ETERNO VÔO DE POE já pode ser lido no site do jornal O Povo . Precisamente, AQUI E AQUI . Uma entrevista, duas reportagens e outras coisinhas que enfeitam a sala-de-estar. Geniais, as ilustrações são Carlus - nem sei se essa é a página oficial do cara. De qualquer forma, há alguns trabalhos por lá. O desenho da capa merece virar pôster no guarda-roupa de qualquer fã de Poe.

O ETERNO VÔO DE POE

O ETERNO VÔO DE POE O ANO DE 2009 CONDENSA MORTE E VIDA PARA O ESCRITOR EDGAR ALLAN POE. NO ÚLTIMO DIA 19, FORAM CELEBRADOS 200 ANOS DE NASCIMENTO DO AUTOR DE O CORVO . TAMBÉM EM 2009, É LEMBRADO O DIA EM QUE POE FOI ENCONTRADO MORTO NUMA RUAZINHA DE BALTIMORE, NOS ESTADOS UNIDOS. NESTE DOMINGO, O VIDA E ARTE CULTURA CONSTATA: 160 ANOS DEPOIS, POE PERMANECE VIVO HENRIQUE ARAÚJO>>>ESPECIAL PARA O POVO Metade corvo, metade Edgar A. Poe, uma ave de penas lustrosas alçou vôo no começo do século XIX. Duzentos anos depois, o bater das asas do animal ainda faz estremecer. Ouvindo-o, leitores no mundo inteiro sentem calafrios, pequenos sustos ou arrepios que podem se estender por horas ou dias. Impressionam-se com a narrativa do sobrenatural, do extra-humano, a mesma que suspende o raciocínio por meio do terror e provoca reflexões usando o grotesco como passaporte. O inumano: eis a argamassa edificante da literatura de Poe. Bêbado, viciado em jogatinas e dissoluto, o escritor norte-am