Gosto dessa ideia de aterrar o aterro da praia de Iracema. Me faz lembrar dos heróis que vestem a sunga por cima da calça. Não fosse uma obra de engenharia civil, poderia estar exposta na Bienal de Veneza – camadas e mais camadas de areia sobre a areia, a metáfora viva da ruína urbana e da insistência no sem-jeito. É algo que talvez Juraci fizesse se fosse vivo e prefeito da cidade. Visionário que era, o velho entendia de arte. Vejam suas paradas de ônibus monolíticas adornadas com o slogan “Humanização com participação”, até hoje resistentes a sol e chuva, diferentes dos abrigos metálicos magricelas e insuficientes onde mal se acomodam cinco pessoas mais quartudas à espera de um ônibus que aceite dinheiro – outra marmota que o Juça não haveria de permitir. Mas voltemos ao aterro aterrado, uma gambiarra urbanística que vai passando como solução inteligente para os problemas da orla, como lembrou um amigo mais exaltado dia desses. Feito quase tudo que é genuinamente cearense, ca
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)