Ainda sobre a historinha da livraria no sábado, há algo que gostaria de contar. Uma coisa me assombrou, e assombrar é um jeito exagerado de falar, evidentemente. Quando digo "assombrar", quero dizer apenas que algo me surpreendeu tanto que me vi forçado a largar o que estava fazendo, mirar algum ponto distante, como uma nuvem ou um operário empoleirado no alto de um edifício em construção, e pensar no quanto as coisas não são o que achamos que são. Ou pelo menos não apenas o que achávamos que eram, se me entendem. De todo modo, minha cara de bobo era indisfarçável. Imaginem o seguinte: numa tarde quente dessas de dezembro, um senhor queria muito agradar a sua esposa, que estava realmente chateada com ele por causa de uns gastos extras que o marido andara fazendo no comércio da cidade. Nada especial, apenas excessos de um homem estúpido, mas, como eles eram pobres, a mulher se aborrecera. Então, esse senhor inquieto, mesmo sem saber muito bem o que resultaria de toda aq
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)