A gente vive uma relação estranha com a praia, não digo com Fortaleza, mas com o litoral do Ceará, a parte intocada da faixa, salvo pelas pousadas e construções, algumas oficiais e outras nem tanto, algumas de autoridades e outras de artistas, num lugar onde o poder encontra a cultura numa ciranda de bons interesses e nenhum conflito. Queremos a praia ocupada parcialmente e detestamos que a devore a especulação imobiliária, o capital. A praia ideal é a que mantém seu núcleo de vila de pescadores, um ou outro chalé, que é pra receber os chegados de fora com alguma comodidade. Não mais que isso. Uma praia cenográfica, de preferência, com seus marcos que a distinguem de outras praias mais visitadas, que a façam única, indócil e domesticada ao mesmo tempo, paisagem já vista e exótica. Um lugar de exploração e novidade e também de segurança e garantias. Seus atrativos são a lonjura e essa ideia de exclusivismo que o nativo cultiva por gosto e classe social. Praia boa é praia afastada, sem m
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)