Há algo de divertido na palavra: espigão. Como se se jogasse ao mar uma espiga de milho de cuja existência se esperasse qualquer coisa mágica além de flutuar ou afundar. Espigão era como chamava um amigo mais alto na escola, desengonçado que só ele, péssimo para o futebol e qualquer esporte que envolvesse as pernas, salvo basquete. Mas espigões são estruturas concretas, reais, não carregam nada da leveza do vocábulo nem o caráter estabanado, nada do que talvez devessem ter herdado do milho ou do aparto longilíneo do corpo de adolescente. Braço de pedra que entra na água, espichado por força do acúmulo, um istmo através do qual se procura deter alguma natureza que, por intervenção anterior, se fez imprevisivelmente presente. É resposta adivinhada a problema insolúvel, sempre jogado para adiante. Como a presença de tubarões em Balneário de Camboriú, por exemplo, lá onde a praia foi aterrada e uma larga faixa de areia aberta de cabo a rabo, tal como em Fortaleza. Por aqui também vão a
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)