É bom que os homens estejam conversando sobre masculinidades. Há de fato muito a ser dito, coisas que fomos empurrando pra debaixo do tapete nesses quase 40 anos de vida (meu caso) nos quais aprendemos (eu aprendi) a disfarçar certas coisas (a chorar, por exemplo) e encará-las como vergonha porque admiti-las era como colocar um alvo nas costas na hora do recreio (que eu evitava). A gente tinha medo (eu tinha) de parecer fraco como de fato era, mas uma hora passei ao outro lado, ou seja, entendi que coragem e brutalismo podiam estar a meu favor. E então decidi que essa virilidade, antes contida, viria a calhar no dia a dia. Eu tinha 14 anos e havia acabado de chegar ao bairro novo, onde mais uma vez eu andava escondido com medo ora dos caras mais fortes e mais velhos, ora de assaltantes. Aí apareceu esse sujeito com quem até então eu só tinha trocado duas palavras. Tão sério quanto podia, ele disse: se você continuar assim, será massacrado no bairro, “todos vão cagar” (perdão pe
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)