Vou dizer rapidamente o que tenho a dizer e depois dormir um pouco antes da ceia natalina. Afinal, nem tenho mais o que esconder após ter deixado escapar um arroto cujas ondulações sonoras – e odoríficas? – alcançaram a visita que estava na sala conversando com os de casa. Em seguida, ela (não a visita, mas “ela”) perguntou: “Tu QUER ME MATAR DE VERGONHA?” “NÃO”, respondi. Foi a Coca-Cola. Foi sem querer mesmo. Espero que não tenham uma má impressão de mim. Sou bem-educado. Sempre libero o assento da frente no ônibus quando algum velhinho alquebrado rasteja até e, sem forças, suplica estendendo um braço cheio de veias azuis saltando como pipocas numa panela. Mas o que tinha mesmo a dizer a menos de 12 horas do Natal? Nada. Não tinha ontem. Continuo não tendo hoje. Apenas que o 24 de dezembro é um dia que mexe com as pessoas. Brigas, bebedeiras, manifestações populares. Em frente ao Pão de Açúcar, um grupo rumoroso de pessoas vindas dos bairros mais pobres dessa área – Antônio Bezerra,