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Mostrando postagens de novembro 3, 2017

Modos de escrever

Mudei a letra, passei a outra maior, fonte segura porque a enxergo, mas que impõe um ritmo diferente do anterior. Cada letra tem uma velocidade, um modo de ir em frente. Esta, por exemplo, é mais lenta, requer pensamento. Antes escrevia em itálico, a editora perguntava se era isso mesmo. Ficava surpresa que alguém escrevesse como quem destaca um trecho. Pra que serve o itálico? Palavras em latim, estrangeiras, emprestadas de outra língua, palavras que não pertencem a ninguém mas das quais lançamos mão na tentativa de dizer. Era assim que escrevia, como se tomasse algo de outro, um alheio que agora era também meu, um jeito de falar à fala. E, nessa queda de braço, o itálico, como se desse um vento na hora de colocar essas coisas pra fora e tudo se inclinasse de repente.  Eu respondi que sim, escrevia inclinado, como na escola, quando derreava a letra para lados diferentes uma vez por mês. Primeiro à esquerda, depois à direita, em seguida empertigada como alguém que se espa