O cearense é um bicho massa e paia ao mesmo tempo. Vaia o sol num dia de chuva. É massa. Ri de tudo e na hora errada. É paia. Faz da gambiarra um passaporte para a felicidade. É massa. Prefere o remendo à solução. É paia. Adora história de menino pobre que passou no vestibular mais difícil da cidade. É massa. Gosta de se ufanar dos gênios que produz em escala industrial nos colégios particulares. É paia. Divide a sombra do poste com outra pessoa. É massa. Corta as árvores. É paia. Segura a porta do elevador pra quem está chegando. É massa. Estaciona na vaga do idoso. Paia. É banhado (a) e cheiroso (a). Massa. Joga lixo pelo vidro do carro. Paia. Faz chuva de gliter no Carnaval. Massa. Atira um punhado de maisena no olho. Paia. O cearense vive orbitando nesse universo binário do massa/paia. A gente é massa porque é vocacionado à galhofa. Mas é paia porque odeia quando tem de segurar o riso, que, entre nós, é uma espécie de frieira atávica passada de geração para geração e perpetuada nos
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)