Ao fim é como se apenas agora entendesse. Deixar o rastro, fixar o que escapa, fincar uma estaca no ponto e na hora exatos em que tudo acontece para que depois olhe e veja exatamente o local de onde tudo partiu em direção a outro lugar. Como um foguete lançado não espaço, mas para dentro da Terra. Um marco de nascimento e morte, mas do quê e de quem, eu não sei. Ensaiamos sempre pensamentos graves que elevam a dramaticidade de atos banais. Digo cavar, e imediatamente penso em morte ou coisas assim. Uma bobagem. Digo vida, e o mesmo sucede, rolhas de champanhe, festas e viagens para muito longe. Importante é reter este instante. O momento. Este de agora. O de hoje, ontem, antes de ontem e muitos dias atrás. Tê-lo nas mãos ainda por alguns segundos. E então continuar. Ontem por algum tempo estive lá fora encostado na mureta. Lembrei de tudo. É tanto. Um tumulto de memórias e meses e anos que vêm aos galopes. Cruzo a esquina na volta pra casa. Um homem se a
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)