Uma última coisa: não vá pensando que estou querendo esticar ainda mais a conversa, que volto porque passo dos limites, que a insistência é uma dádiva, que, não faz tanto tempo assim, eu fui embora e acabei não indo além da esquina etc. Engula esse choro, eu diria se fosse uma mãe bem cruel e você uma criança a quem todos os amiguinhos tivessem deixado pra trás. É que preciso dizer, expressar, entende? Não basta formular, tenho que materializar a pergunta, recriá-la no tempo e no espaço, abri-la como um guarda-chuvas ainda que não esteja chovendo, me proteger dos golpes ainda que não caiam canivetes. Eu faço perguntas para me abrigar da chuva. Não é preocupação com as roupas, é comigo. Vamos, não tenho tanto tempo. Passou do meu horário e a aula já começa, não quero perder. A prova oral é na semana que vem. Esse sorriso... quer dizer o quê? Não, é uma pergunta de verdade, não embute nada, não é capciosa. Não esconde outra intenção, não quero saber de nada além do qu
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)