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Mostrando postagens de julho 9, 2015

Muito velho pra isso

Foi a frase que ouvi. Digitada no bate-papo, estou muito velho pra isso ou me sinto muito velho etc. e tal. A gente conversava sobre uma festa no fim de semana. Eu pensei: a quarta é quase sempre mais animada que o sábado. Porque a quarta é um sábado em estado de pura expectativa. E o sábado é apenas o sábado e pronto. Mas o sábado é real, a quarta é uma projeção do que pode acontecer. Tem razão, pensei, e continuei projetando o sábado como se fosse quarta. Ou foi o contrário, a quarta como sábado. Agora me perdi.   Imaginei que pudesse escrever um caderno inteiro sobre essa confusão e como tudo isso era importante pra mim, mas tenho descoberto aos poucos que superestimo minha capacidade de falar mais que três palavras. Acho que nasci com uma dívida de compreensão do mundo. O que acontece, acontece à revelia. Tudo é natural, tendo a pensar no instante seguinte ao do susto. Mas a falta de susto assusta tanto quanto o susto.   Tudo é natural. Isso não é um proble

Ondas de leste

Essas ondas que se formam no oceano, a meia distância entre a terra e o céu, embaralhando correntes de temperaturas variáveis, levantando-se súbitas diante dos olhos. Quando se viu, estão aí, ventania e chuva batendo janelas e portas. Ninguém entende que tenham chegado e partido tão de repente. Fenômenos são assim, explicam sem explicar.   Como prevê-las? Como preveni-las? Uns dizem que fará sol. Outros que fará chuva. Li que o meteorologista não sabe ao certo se interpreta, anuncia, adivinha ou inventa os sinais que vai coletando nas telas onde as nuvens passam apressadas. Acho que um pouco de cada coisa. Inventar é adivinhar, que tem parentesco com leitura, sendo a própria leitura uma anunciação. É assim com os livros, com as ondas não seria diferente.