A fase da máquina Sem razão, lembrei da “fase da máquina” de um jogo antigo, o Kid Chameleon , do console de 16 bits Mega Drive, uma geração à frente do que ganhara do pai no aniversário de 10 anos. Fase da máquina era como chamávamos genericamente uma das etapas mais difíceis desse jogo interminável. Começava assim: uma parede formada por peças metálicas pontiagudas que giravam ameaçadoramente passava a se deslocar da esquerda para a direita, estreitando cada vez mais o espaço do personagem, um garotinho cujo maior poder era transmutar-se, assumindo um avatar entre um número limitado à sua disposição. Então tinha início a fase na qual a gente – eu, no caso – precisava correr, saltar obstáculos, vencer inimigos, partir blocos de concreto com minha cabeça, tudo isso tendo em meu encalço essa parede maciça que ocupava a tela da televisão de cima até em baixo, movendo-se lenta mas inexoravelmente em minha direção. Esse é o motivo pelo qual eu sempre detestei a fase da m
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)