Há em andamento uma eufemização das relações de trabalho que mais parece uma brincadeira de roda, infantil, um esconde-esconde com crianças que se põem atrás das cortinas e permanecem com os pês à mostra dos adultos, que as encontram sem dificuldades. Assim é com essa gramática que se presta ao papel de escamotear regras simples, transações costumeiras e contratos habituais. De repente, soa abusivo e cafona falar de empregado e patrão, mas não de colaborador e líder, um par ordenado cuja única vantagem é dar a entender que se trata de uma parceria o que, de verdade, é exatamente o seu avesso. Como se em essência a natureza dos vínculos houvesse se alterado, e todos sabemos que não, tudo segue mais ou menos do mesmo jeito, tal como já previra a canção premonitória “Xibom bombom”, do grupo As meninas. Lá pelas tentas, a letra diz: “Analisando essa cadeia hereditária / quero me livrar dessa situação precária / onde o rico (cada vez fica mais rico) / E o pobre (cada vez fica mais pob...
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)