É bastante comum se sentir meio estúpido depois que se entra numa discussão, seja ela qual for. É um sentimento que irmana negros e índios, pardos e brancos, amarelos e encardidos, assalariados e dependentes do Bolsa Família. Sobretudo quando o assunto é da ordem do genérico, do fluido, do subjetivíssimo, calcado em lugares-comuns de uma retórica consuetudinária que, mesmo sem saber direito, vai passando de língua a língua, fazendo pequenos estragos não porque seja necessariamente daninho, mas porque elimina a hipótese de colocar em discussão essa verdade prefigurada, retórica que já vem embalada, pré-cozida, um ponto de vista empacotado: vamos por aqui, é assim, a cidade comporta-se desse modo e não daquele, o fortalezense é estanque, os hábitos estacionaram nos anos 80, é o que vemos repetir-se toda hora, vindo de bocas as mais diversas, cheias dessa certeza que iguala sociologia a alquimia, ciência a carteado, análise e boliche. Até que uma hora a gente sai um pouco do próp
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)