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Mostrando postagens de julho 26, 2013

E todos viram as estrelas

Acabamos de ver o lugar, parece bem bom, dois quartos, uma sala, cozinha ampla, uma janela, duas janelas, armário, pia, três lances de escada, jarros, boa vizinhança, três homens sentados na calçada bebendo refrigerante ou vinho ou suco de uva, um rapaz tatuado moreno bermudão de tactel passando com a prancha debaixo do braço, 13h30 de uma sexta-feira, uma varanda, duas varandas, vento, muito vento, bastante vento se querem saber, a sala iluminada, branca, desejo imediato de armar a rede, a um passo do parque, a dois do supermercado, a três da avenida, a quatro da escolinha do bairro, a cinco de outra avenida, a seis da parada de ônibus e por aí vai, a proprietária do prédio, por sua vez também dos apartamentos, o que inclui o nosso, tomando por nosso a posse alheia agora locada para terceiros, no caso, a gente, a proprietária e locatária e síndica, depois de vencer com dificuldades as escadas ("preciso me exercitar urgente"), deixou logo bem claro escolho todo mundo

Ira índia

Iracema lê mas não assusta, bebe mas não embriaga, trepa e não apaixona, fuma e não arreganha, escreve e não tem ressaca, briga e não reata, flerta e não beija.  Iracema compensa tudo que erra com sorriso, xinga e finge desconcerto, falha pensando no bem de todos.  Escorregadia, soneto sem a quarta parte, alçapão, gambiarra, geringonça, trapaça, arranjo, fortuna. É a mulher de toda vida beijar a lona, Iracema, ergue o rosto exatamente quando a câmera aproxima e fita o brilho triste da luz coada nessa dorzinha nem muito forte nem fraca, na medida.  Quer o quê, criatura? Deitar e rolar na BR, a índia responde.   O esquilo tem peste bubônica, o trem descarrila, o jogador bate na trave, o papa pede sol na cristandade sem saber que o sol ilumina e aquece o corpo e o corpo aquecido quer logo de imediato, e Iracema continua sem saber o que quer, quer o quê, mulher?  Fica com a cabeça assim, balança que nem calango em cima do muro, tomando quentura pra criar coragem e d