Sonhou as poucas razões que havia. Foi um dia de semana trabalhoso, sem café, passara a maior parte do tempo encarando o rosto das pessoas à procura de sinais, queria perguntar, a meio do caminho detinha-se, desmemoriado, esquecido. Era caso de voltar e tentar recuperar o tempo. Um início de mês complicado. Entre cada parte instalava-se essa zona cinzenta habitada por bichos e pessoas, uma fauna completa, um ecossistema, de modo que, ao imaginar-se ali, caminhando sozinho, um clarão de planície varrida por tempestades nas madrugadas, a planície até então vazia enchia-se de pequenos animais carnívoros dispostos a ferir de morte, a matar, a morder e lamber, a dar voltas em torno em busca do corpo massacrado. Era evidente, tentava decifrar o simbolismo do sonho, a morte, a competição expressa, um incômodo, embora não reconhecesse imediatamente o quadro característico de tensão exacerbada. Pensou ligar ao amigo, consultá-lo quanto à razão extraordinária da presciência onírica, rir um
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)