A resposta de L não demorou, o que não me surpreendeu. L escreve com uma argúcia impressionante, suas palavras abrem caminhos como pequenos bisturis, pra usar a expressão que ela mesma já utilizara pra se referir ao modo como pretendia descobrir o que se passava consigo. Uma metáfora clínica, medicalizante, cirurgicamente empregada a fim de sugerir que operava não no terreno movediço no qual eu gosto de me movimentar, esse de palavras jogadas ao acaso. L sempre cavava mais fundo, ia mais longe, mergulhava e demorava a tornar à superfície. Nesse ponto somos diferentes, ela uma nadadora profissional orgulhosa de suas braçadas e eu em nado cachorrinho tentando chegar até a outra borda da piscina. E o que disse L? Que não é L, mas uma personagem, ou seja, L se recusa a assumir essa identidade. L não quer ser L, mas uma outra. Melhor dizendo: L considera-se uma outra e não esta com quem converso, a cuja personalidade atribui muito de fabulação e um tanto de egocentrismo. Foi di
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)