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Mostrando postagens de maio 8, 2014

Na rua

De passagem para deixar um recado, seja qual for, ou um abraço, seja em quem for, e não encontro nem caixa de correios nem alguém que não esteja ocupado checando o redesenho das nuvens ou se o próximo ônibus, aquele que dobra agora a esquina, vai até o shopping. Tentei parar e apertar a mão de alguém que se distraía pensando na corrida espacial e que de repente p arou para apertar não a mão, mas a ponta da orelha de outra pessoa, e ambos tropeçamos e formamos um bolo no chão e esse bolo foi confundido com uma dessas esferas de gravetos e despojos urbanos que rolam de um lado da tela ao outro nas cidades desertas dos filmes americanos. Enquanto cortava pelos do nariz e das orelhas, pela primeira vez senti que podia ser qualquer coisa, um grande ator de teatro, um jogador, um assassino ou só uma bola girando sobre o próprio eixo no meio da rua, mas preferi ser Bill Murray imitando uma grande atriz de cinema morta ainda na década de 1960, talvez setenta. Ninguém reparou