A barriga é o verdadeiro espelho da alma. E se ninguém havia dito isso antes, trata-se de perdoável lacuna no desenvolvimento da ciência axiomática. Afinal, nem todo mundo atribui à região um protagonismo além do que desempenha no processo digestivo, o que é um grave erro. Mais que uma máquina de processar os alimentos, a barriga é uma usina de emoções. Do medo à paixão, a barriga capta, como nenhuma outra parte do corpo, o porvir, antecipando-o e traduzindo-o por meio de contínuas pulsações a que normalmente damos o nome de “friozinho”. Da ínfima perturbação no humor – próprio e alheio - aos eventos que promovem drástica alteração no eixo de nossas vidas, pondo em desalinho a execução das atividades rotineiras: tudo passa, antes, pela barriga, que, além de espelho d’alma, acaba funcionando também como filtro. Genuína estação de tratamento, beneficia-se da geometria do corpo, fixando-se a uma distância segura do peito e do ventre. Menos erógena que as tradicionais porções implicad