Confundir as fronteiras é uma atividade sem fim, sem finalidade; sem fim, ininterrupta, que se estende no tempo e no espaço. Logo despropositada, mas assentada em base real: confundir fronteiras é afirmar-se portador de nada e de tudo, falante de todas as línguas e de nenhuma, hábil mercador de um produto que interessa a qualquer um e a ninguém. Virtual serendipitoso, é a figura do atravessador a que melhor representa o desfazedor de fronteiras. Diluir postulados, desmanchar capitanias de sentido, reunir opostos morais, encarar o próximo e o distante como igualmente dessemelhantes e nisso não enxergar qualquer paradoxo. Comunicar o incomunicável com a mesma graça, ir de uma margem a outra do espectro, divertir-se com o infortúnio que é habitar o tempo poroso. Tudo isso o atravessador está capacitado a desempenhar, embora, por alguma razão, não desempenhe. Sendo o profissional do futuro, o que obrigatoriamente o transforma em profissional do passado e também do prese
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)