Vi na televisão. Um candidato a vereador em alguma cidade perdida do Brasil. Que dizia aos gritos: “EU VOU MORRER TENTANDO! EU VOU MORRER TENTANDO!” Não costumo escrever e publicar aqui duas vezes no mesmo dia. Nada cabalístico, entendam. É que o volume de compromisso – leia-se desleixo – impede. Mas isso pedia algo. Digamos, algo à altura. A seguir, o conto de domingo. Boa leitura. 11 POR 29 Henrique Araújo Desceu. Vestia-se campanha. Broches, adesivos, bonés, faixas, pulseiras e bandanas. Atrás uma cordilheira de cabos disfarçados de amigos “Vamos ao society”. Na verdade resguardavam. Projetavam: equipados com portentosas caixas de som, projetavam obviamente um grito de guerra — “ONZE: AO INFINITO E ALÉM!” — bastante sonoro. Bastante quer dizer suficientemente sonoro. Suficientemente, que o brado podia ser ouvido sem perda de qualidade alguma nas bordas de qualquer buraco negro da galáxia XP-166/19997. Qualquer um deles. MESMO O MAIS NEGRO?! Mesmo o mais negro... Dentro dos veículos:
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)