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Mostrando postagens de outubro 6, 2008

Novamente o mesmo ovo

Vi na televisão. Um candidato a vereador em alguma cidade perdida do Brasil. Que dizia aos gritos: “EU VOU MORRER TENTANDO! EU VOU MORRER TENTANDO!” Não costumo escrever e publicar aqui duas vezes no mesmo dia. Nada cabalístico, entendam. É que o volume de compromisso – leia-se desleixo – impede. Mas isso pedia algo. Digamos, algo à altura. A seguir, o conto de domingo. Boa leitura. 11 POR 29 Henrique Araújo Desceu. Vestia-se campanha. Broches, adesivos, bonés, faixas, pulseiras e bandanas. Atrás uma cordilheira de cabos disfarçados de amigos “Vamos ao society”. Na verdade resguardavam. Projetavam: equipados com portentosas caixas de som, projetavam obviamente um grito de guerra — “ONZE: AO INFINITO E ALÉM!” — bastante sonoro. Bastante quer dizer suficientemente sonoro. Suficientemente, que o brado podia ser ouvido sem perda de qualidade alguma nas bordas de qualquer buraco negro da galáxia XP-166/19997. Qualquer um deles. MESMO O MAIS NEGRO?! Mesmo o mais negro... Dentro dos veículos:

Reparem na água, apenas na água e nada mais

Sem mais que fazer, leio um texto publicado este mês na REVISTA . Trata-se do discurso de paraninfo do escritor-enforcado David Foster Wallace. Antes de se enforcar, obviamente. Vou ler. Qualquer coisa, comento. Vejam que ótimo: Lembrem o velho clichê: “A mente é um excelente servo, mas um senhorio terrível.” Como tantos clichês, também esse soa inconvincente e sem graça. Mas ele expressa uma grande e terrível verdade. Não é coincidência que adultos que se suicidam com armas de fogo quase sempre o façam com um tiro na cabeça. Só que, no fundo, a maioria desses suicidas já estava morta muito antes de apertar o gatilho. Tem mais: Na trincheira do dia-a-dia, não há lugar para o ateísmo. Não existe algo como “não venerar”. Todo mundo venera. A única opção que temos é decidir o que venerar. Por fim (não pensem nisto como um fim propriamente, mas como um intervalo entre as novelas das seis e das sete): Pensem de tudo isso o que quiserem. Mas não descartem o que ouviram como um sermão cheio d