É uma história simples a que desejava contar. Imaginem um garoto como o que acabo de desenhar ficcionalmente. Alguns dias antes de completar 14 anos, contrariando a tradição familiar, o menino decide não saltar mais. Na verdade, é menos uma escolha que uma desistência. Rapazes da mesma idade e até mais novos seguem pulando. É o que sempre fizeram. Tomam distância, respiram fundo, sincronizam mentalmente a corrida, a ordem de cada perna, a entrada na água, o tempo de imersão, a escalada de volta à superfície da ponte velha. A corrida é disparada. A perna direita alcança a primeira coluna. Imaginem que, ao menor erro, despencam de cabeça e que, logo abaixo, há corais pontiagudos e estruturas de ferro da velha construção. Sem pausa, emenda-se o segundo pulo, que toca de leve outra coluna, e, finalmente, o terceiro. É o trampolim para o mergulho nas águas encrespadas do mar da cidade. Os turistas aplaudem. Novos saltadores estão a postos. Entre corrida e mergulho, toda a manobr