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Mostrando postagens de agosto 15, 2012

Falo à parede

Falava com as paredes havia meia hora. Falar com paredes não representa problema. Desde que não haja expectativa de resposta. Não era o caso. Por natureza, sempre aguarda resposta. Uma equação logarítmica, por exemplo. Admitir o que não deve ser admitido – sequer às paredes - era uma modalidade de escrita recente, arriscada, imodesta. Trata-se disto e não daquilo. Quantas pessoas terão a capacidade de simplesmente dizer? Dar as costas. Comunga a abertura clássica: peão adiante, seguido de cavalo e bispos. Fragmentos de areia, cimento, água, brita, tinta e poeira intergaláctica, paredes não têm o hábito de revidar – tampouco acusam golpe algum. A força consiste em preservar-se do risco. Enigmáticas, armam-se de silêncio – percorrê-las é o desafio. Entendia a falta como forma soberana de diplomacia. E, claro, fina expressão amorosa. Por definição, nenhum amor começa ou termina com histeria. Histeria e amor anulam-se. Amar inscreve-se no reino do entreme