D e algum modo, o cheiro sintetiza tudo: suor, fluidos corporais, cama, ambiente, hálito de bebida, perfume, xampu. É uma súmula do trajeto percorrido até o gozo derradeiro. Tudo isso o cheiro carrega. A cerveja chega. O garçom abre a garrafa sem mirar. Venta em abundância. Há um gosto de sal na conversa. O tampo da mesa pegajoso gruda-se ao olor de cada palavra. A nossa volta, cada grupo de pessoas parece iluminado com uma santidade própria, prestes a se desfazer tão logo parasse de soprar e o vozerio fosse morrendo naturalmente. Era uma tarde incrível.
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)