O sonho acabou bem na hora em
que já tinha passado do momento em que seria prudente acabar. Não tendo acabado
ali, porém, não faria o menor sentido chegar ao fim logo depois. Mas foi
exatamente nesse ponto, em que podia continuar um pouco mais mas não foi em
frente, que o sonho terminou.
Os sonhos são
incompreensíveis, dizia Freud à boca miúda a quem o encontrasse numa
sexta-feira de tarde bebendo chá e fumando.
Disso não pedia segredo, o
que nunca impediu que uma clientela cada vez mais numerosa o procurasse na
clínica onde, um pouco contrariado, interpretava os sonhos de acordo com os
códigos que, entre uma baforada e outra, ia desenvolvendo.
Freud também era incompreensível.