Às vezes fico besta que tudo já exista, mesmo o inexistente, que o indigitado ou o “desdigitado” de pronto se anunciem se por acaso a gente erre o dedo no teclado e nele se escreva sozinha uma palavra qualquer, que julgávamos até então apenas erro. Experimente vadiar nas letras, deitar a gosto a mão nas palavras soltas e depois esperar que o buscador encontre a referência. Estará lá, ainda que o tema pesquisado tenha sido obra de um objeto que caiu sem querer, um gato que passeou sobre a mesa de trabalho, um cotovelo que esbarrou. Tudo já existe nesse lugar do desencontro. Para cada erro, há um significado correto, uma noção que lemos, entre susto e fastio, porque esse excesso, longe de satisfação ou curiosidade, nos dá preguiça, tanto que não sigo adiante, resolvo ignorar o que não sei porque só assim preservo esse âmbito inexplorado. Resolvo continuar não sabendo. Mas tenho sempre ganas de fazer um teste mais científico, anotando resultados e cotejando experimentos, compartilhando
HENRIQUE ARAÚJO (https://tinyletter.com/Oskarsays)